Tuesday, May 01, 2007

Olhos no fogo

Concentro os olhos no fogo.
Nenhum atropelo.
Respiro uma respiração por vez.
Brinco com o ar, de elevador, com carinho, em baixa rotação.
Inspiro largo e farto, a barriga infla e sobe...
Expiro longo, esvaziando o balão até chegar ao vale e o elevador escorrega gracioso.
Olho e ouço o fogo.
Ele se lambe, se contorce, se abraça, se avoluma e se consome. Crepita, geme, secreta, se pinga e sussurra.
Assim como eu, engole suas labaredas, dobra-se sobre si,
Tomo eu conta de mim.
O tambor do meu coração bate. Late!
Essa irrupção, esse balé que em movimento se chamusca, prolifera e exaure, são como o incêndio que me habita e alimenta.
O crepitar das palavras, idéias e sensações, entremeiam-se, encostam-se em seus contrários
e já não se opõem.
Compõem.
Harmonizam-se simultaneamente, em nada se anulam.
Resultam num tecido em rede, onde cada ponto é partida e sustento de outro.
Essa malha de fagulhas forjadas no fogo, tem a resistência da existência.
Abraça meu corpo, que nesse aconchego se acolhe e volta a encher-se de possibilidades.
Tudo já é possível... tudo cabe e já vai passar...
Aproveito então.
Me reconforto e comemoro as chegadas e partidas de cada respiração, com seus elevadores incandescentes de carinhos.

1 Comments:

Blogger Cinthya Verri said...

Aproveitemo-nos, sim!
Beijos
Cínthya

5:33 PM  

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